História
Puerta del Sol, Madri (España)
Antes disso, cada um de nós
trabalhávamos em suas respectivos ramos de atuação ilegais, constantemente mudando-se de uma cidade para outra na Espanha, porém no mesmo ambiente de atuação: atividades com a
finalidade de roubar bancos. Apesar de termos uma ideia por atuarmos na mesma área, não sabíamos nada sobre o que estaria por
vir.
Eu me chamo Davi Paiva, um estrangeiro morando em Madri, tentando ganhar a vida pelos meios disponíveis e mais próximos de mim, junto com os meus amigos brasileiros que vieram comigo: André Costa, Amanda de Jesus, Gustavo Caetano e Vinícius Costa.
Estávamos na Espanha a muito tempo, nascemos no Brasil e viemos a Espanha com o intuito de mudar a nossa realidade social e econômica na qual vivíamos, mas no final das contas quando fomos ver estávamos roubando bancos por um país europeu.
Eu me chamo Davi Paiva, um estrangeiro morando em Madri, tentando ganhar a vida pelos meios disponíveis e mais próximos de mim, junto com os meus amigos brasileiros que vieram comigo: André Costa, Amanda de Jesus, Gustavo Caetano e Vinícius Costa.
Estávamos na Espanha a muito tempo, nascemos no Brasil e viemos a Espanha com o intuito de mudar a nossa realidade social e econômica na qual vivíamos, mas no final das contas quando fomos ver estávamos roubando bancos por um país europeu.
Em nosso apartamento recebemos a ligação de uma pessoa que se auto denominava como El Águila. Achamos estranho no início
e logo veio à mente da maioria de ser alguém do setor de inteligência da
polícia planejando em nos prender pelos crimes que cometemos ao longo da vida e
que continuávamos praticando já que nunca foi identificado nossas identidades por usarmos balaclavas, máscaras e luvas no momento de roubo e transporte do dinheiro. Só soubemos que iriamos lidar com análise sobre
documentos bancários, verificando sua estrutura formal, autenticidade e demais
elementos formais para fins que desconhecíamos, porém de suma importância para o país. Achamos totalmente estranho por fugir à primeira
vista de nossas atividades então aceitamos de início a participação nessa
empreitada.
No dia seguinte, recebemos um
telefonema do El Águila para nos encontramos no dia 16 de fevereiro as vinte horas da noite em um auditório escrito na porta em um papel imprimido a sigla D&Tdoc
no Banco Nacional da Espanha em Madri. Pensamos que seria uma emboscada já que estaria
em um contexto perfeito para nos capturar, um banco.
Chegando ao local nos deparamos com
uma gigantesca estrutura predial, totalmente apagada e aparentemente sem ninguém a não ser nós e um auditório ao final do saguão central que estava com a luz acessa. No local estava o El Águila ao fundo, uma pessoa aparentemente comum e sem
nenhum traço comportamental que poderíamos ligar ao setor de inteligência da
polícia, anteriormente pensado, mas com traços de um aparente professor demonstrando
grande conhecimento sobre uma área denominado Diplomática e Tipologia
Documental no qual atua a vários anos em âmbito nacional e internacional. O
codinome El Águila foi escolhido pela sua atuação em países de língua
espanhola e também pelo grande saber que há por trás dessa figura desconhecida
por todos e como nós era um brasileiro.
Porém uma característica passou batido por nós todos, o rosto dele foi reconhecido por ter participado do cerco e investigação do grupo de assaltantes chamado La Casa de Papel anos atrás. Apesar de ter sido um evento chocante para todo o país e ter tido uma cobertura jornalística enorme, esquecemos disso como se fosse mais um evento trágico no país. A partir dai começamos a pensar que ele havia sido chamado para trabalhar no setor de inteligência da Espanha pelo contexto que estávamos passando naquele momento.
Porém uma característica passou batido por nós todos, o rosto dele foi reconhecido por ter participado do cerco e investigação do grupo de assaltantes chamado La Casa de Papel anos atrás. Apesar de ter sido um evento chocante para todo o país e ter tido uma cobertura jornalística enorme, esquecemos disso como se fosse mais um evento trágico no país. A partir dai começamos a pensar que ele havia sido chamado para trabalhar no setor de inteligência da Espanha pelo contexto que estávamos passando naquele momento.
Iniciada a apresentação sobre Diplomática e Tipologia Documental fomos entendendo sobre o que
é, para que é usado nas organizações de trabalho, mas não sabíamos nada a
respeito do que iriamos fazer com esse conhecimento na prática, a dinâmica de
trabalho e todas as informações necessárias à execução em torno dos propósitos
ainda desconhecidos do El Águila.
Foi então que durante longos
minutos fomos esclarecidos que teríamos que criar um grupo seja qual for a
natureza para conseguir um único objetivo: Estudar a organização arquivística
de documentos arquivísticos contemporâneos em função da tipologia documental e
suas inter-relações com a diplomática. Primeiramente escolhendo o contexto que estariam inseridos esses documentos.
Mas estávamos totalmente
desnorteados sobre qual seria a natureza de nosso grupo, sendo que tínhamos uma noção
muito básica sobre o que é Diplomática e Tipologia Documental e nenhuma
experiência pratica nessa área. Por consenso levando em conta que todos nós
atuávamos em um contexto bancário, escolhemos o foco sobre documentos bancários
obviamente.
Logo depois o El Águila expôs o
jogo e falou que haveria uma metodologia, avaliação e textos em torno do
trabalho que desenvolveríamos ao longo do tempo. Foi então que veio a ideia de
quanto tempo teríamos que estar empenhados nesse trabalho e perguntamos. A resposta súbita
foi que durante um semestre desempenharíamos um trabalho que não sabemos ao certo
como é na prática, haveria cobrança sobre esse trabalho, seria necessária uma união
indissociável durante esse período e receber ordens diretas dele sem saber do
grande propósito em que haviam nos reunido e para quem ele trabalha.
Instantes depois de ter encerrado
a apresentação, o El Águila chamou uma jovem que estava no canto do auditório
durante todo tempo esse tempo calada, falando-nos somente seu nome que parecia
ser verdadeiro, Raquel. Ela começou a falar sem nenhuma
apresentação prévia a respeito de si, mas a respeito do contexto que deverá
haver independente do foco de escolha do grupo para trabalhar ao longo de um
semestre.
Ela fora imediatamente reconhecida por ter participado como inspetora chefe no caso do La Casa de Papel já que a cada dia havia uma notícia nova a respeito de sua vida pessoal conturbada e o seu nível de envolvimento no caso do assalto a Casa da Moeda da Espanha.
Ela fora imediatamente reconhecida por ter participado como inspetora chefe no caso do La Casa de Papel já que a cada dia havia uma notícia nova a respeito de sua vida pessoal conturbada e o seu nível de envolvimento no caso do assalto a Casa da Moeda da Espanha.
Ele disse ser um docente do Mestrado em Bibliotecas, Arquivos e Continuidade Digital na Universidade Carlos III Madrid chamado de Ángel, porém sabíamos que não era um docente de uma universidade. Nesse contexto seriamos estudantes da disciplina de Diplomática e Tipologia Documental juntamente com a monitora da Universidade Carlos III Madrid através de registros acadêmicos, históricos escolares e carteiras de estudantes falsas, dentro de um contexto real de
funcionamento focado na área de Arquivologia onde as reuniões ocorreriam naquela
sala de sigla D&Tdoc(Diplomática e Tipologia Documental) dentro do Banco Nacional da Espanha sempre após o encerramento diário das atividades do expediente bancário.
Seguindo a lógica apresentada
pela Raquel, ela disse que haveria um grupo criado por nós inserido e baseado nesse contexto fictício sem nenhum
questionamento a respeito dessa dinâmica de trabalho, criando um blog online do Blogspot, com o nome do grupo,
objetivos, o campo de atividades, um sub-monitor como líder do grupo, um campo
de atividades individuais e outro de atividades em grupo para que ao longo do
semestre possamos ser avaliados por esse trabalho que desempenharíamos
individualmente e como grupo, já que poderia haver interesses distintos do Ángel quanto a nós enquanto indivíduo e enquanto grupo.
Estávamos super apreensivos pelo
que foi falado até agora, então fizemos uma reunião entre si para decidirmos maiores
detalhes quanto a esse grupo que seria criado. Nos inspiramos em um nome
chamado La Casa de Papel, por se ambientar em um contexto real nome de um grupo de
pessoas que efetuou um roubo gigantesco na Casa da Moeda da Espanha,
repercutido no mundo todo. Assim através da junção do nome de grupo de
assaltantes e o foco sobre documentos bancários, surgiu o nome La Casa del
Archivo.
Em seguida fomos questionados
pelo Ángel sobre qual seria o intuito de colocar um nome desse ao grupo cuja frase
remeta a um famoso grupo de assaltes da Espanha, sendo que esse “grupo” que deveria ser
criado seria o menos suspeito possível diante do contexto de sigilo do real
objetivo do El Águila que não tínhamos ideia de quando iriamos saber e se
iriamos saber ao final desse longo semestre mas no final das contas ele aceitou esse nome. Foi então que ele nos pediu para que criássemos um tipo de documento
formalizando o aspecto real do grupo sendo da disciplina e após isso um vídeo
abordando sobre nós e uma desenvoltura a respeito do foco sobre documentos
bancários, posteriormente identificando os elementos de autenticidade do vídeo
produzido.
No primeiro instante começamos a
refletir sobre para quem o El Águila trabalha e sobre sua história, então foi nesse momento que tivemos a
ideia de fugirmos da ideia de proposta da Raquel em sermos um grupo da
disciplina de Diplomática e Tipologia Documental para criarmos um facilitador de
fuga daquele contexto que estávamos sem saída e voltar a nossas vidas de roubo
a bancos.
Escrevemos um Registro
de Criação da La Casa del Archivo em forma de minuta, contendo nossos nomes verdadeiros, criando
objetivos totalmente desconexos com a proposta dita pela Raquel, como sendo uma
empresa privada atuando em Singapura com foco em paraísos fiscais e criando uma diretoria,
juntamente com o vídeo que gravamos sobre essa empresa que acabamos de criar
com o intuito de tentar trazer esse grupo a uma realidade construída por nós
para que possamos fugir enquanto há tempo. Logo depois escrevemos os elementos
de autenticidade como pedido pela monitora da “disciplina”.
Depois deveríamos postar no blog do grupo o documento de criação e o
respectivo vídeo e foi então que um ambiente de euforia e tensão se espalhou no
auditório, porque não sabíamos se o El Águila iria nos repreender de alguma
forma pelo fato de nós termos usado da falta de entendimento proposital
sobre a proposta dada para tentarem fugir daquele contexto que estávamos. Então
ele nos surpreendeu e não comentou nada a respeito, somente deixou passar esse
fato, o que deixou a todos inquietos naquele momento.
O Ángel fez breves comentários a respeito das atividades realizadas e logo após disse somente que deveríamos estar presentes toda sexta
feira no mesmo local e horário para realizar as atividades propostas e demais
avisos sobre a “disciplina”, deixando para a próxima aula a postagem do documento
de criação do grupo (foto ou escaneado), refazer e postar o documento de
criação do grupo incluindo requisitos que comprovem sua autenticidade e dar
nome ao documento audiovisual, produzido lá e postar fazendo indicação dos
sinais necessários para comprovarem sua autenticidade.
Após isso encerrando a noite saímos do auditório de Diplomática e Tipologia Documental para nosso apartamento localizado em Gran Vía no centro de Madri. Ainda aflitos e com uma pergunta pairando na mente de todos naquele momento era: Qual são os objetivos do Ángel sobre toda essa dinâmica montada e para quem trabalha atualmente? . Apesar de termos a suspeita de que estaria trabalhando para o Serviço de Inteligência da Espanha não tínhamos uma certeza.
Fomos descobrir depois através de um informante nosso que há outros grupos de pessoas em momentos diferentes que procederam da mesma forma quanto as instruções do modelo de estrutura de formação e atuação dadas a nós mas formaram grupos com objetivos e áreas de atuação totalmente diferentes entre si, cada um em sua esfera de influência e de atuação ilegal.
Ao longo da semana recebemos tarefas via-mensagem a serem feitas como: postar o documento de criação do grupo (foto ou escaneado), com o nome do respectivo documento, refazer e postar o documento de criação do grupo incluindo os requisitos que comprovem sua autenticidade e dar nome ao documento audiovisual, produzido naquela noite, e postar fazendo indicação dos sinais necessárias para comprovarem sua autenticidade.
Pensamos de prontidão que seria uma isca para avisar a polícia e o serviço de inteligência de que fomos localizados, indicando nosso atual contexto de atuação e local de encontro porém não faria sentido, porque aliás se o El Águila fosse da polícia ou do serviço de inteligência e quisesse, poderia ter nos prendido no primeiro momento em que nos encontramos. Provavelmente ele teria uma ligação com o Serviço de Inteligência da Espanha. Mas só com o tempo iriamos descobrir mais sobre os objetivos do trabalho a ser exercido.
Estávamos todos cansados pela semana que havia passado pois ocultamos todas as nossas redes de contato no mundo dos assaltantes de bancos por motivos claros de que a partir de agora teríamos que nos desligar pelo menos temporariamente do nosso trabalho para participar de uma missão que a vista pensamos ser a pior ideia possível mas como havia garantias legais envolvidas, prosseguimos adiante.
Havia decorrido uma semana e retornamos ao Banco Nacional no dia 23 de fevereiro, no mesmo horário e na mesma sala da última "aula". O Ángel disse que havia visualizado as atividades que postamos em nosso blog e ficaram boas pois atendeu inicialmente as expectativas dele e da Raquel, sendo que só tivemos uma aula de Diplomática e Tipologia Documental até agora.
Logo após, Ángel começou a explicar a realidade que não era para sermos "estudantes" de D&Tdoc no Banco Nacional da Espanha pois era tudo fachada para os objetivos reais que em seguida foram esclarecidos. Confirmou-se que ele e a Raquel começaram a trabalhar para o Serviço de Inteligência da Espanha a poucos anos atrás e que receberam uma grande missão de uma pessoa hierarquicamente mais alto em nível de acesso a informações ulta secretas dentro do Serviço de Inteligência da Espanha.
Raquel disse que estavam acompanhando nossas atividades de assalto a banco há muito tempo mas decidiram não atuar em flagrante ou nos prender posteriormente. Nós seriamos participantes de uma missão que nasceu no mais alto nível do Serviço de Inteligência da Espanha sendo "estudantes" da Universidade de Brasília. Haveria nosso registro como estudante de Arquivologia e em disciplina nas Universidade de Brasília como se estudante fossemos há muito tempo e dentro dessa área do conhecimento sobre organização, guarda e acesso aos documentos de arquivo.
Pedimos um momento a ele e começamos a refletir a respeito. Era uma grande missão em que teríamos que realmente nos desligarmos temporariamente de nossas atividades por conta dos riscos que podemos correr ao misturar as atividades de roubo a bancos com as atividades do Serviço de Inteligência da Espanha. Não sabíamos se ganharíamos algo com isso como a diminuição de nossa pena que era muito alta no patamar que chegamos em nossas vidas.
Arriscar e participar da missão não era uma obrigação dada por Ángel e Raquel, era uma opção invés de nossa prisão imediata e isso não era algo que pudéssemos negociar. Então concordamos mutuamente da necessidade de nossa participação na missão e anunciamos nossa decisão a Ángel e a Raquel.
Feito isso, começaram a explicar sobre os aspectos da missão. Embarcaríamos em um avião da empresa aérea Iberia no Aeroporto Madrid-Barajas, garantindo nosso embarque no voo para o Aeroporto Internacional – Presidente Juscelino Kubitschek, através de uma relação de parceria desconhecida por nós entre a Iberia e o Serviço Secreto da Espanha, juntamente com outros passageiros que nada tinham a ver com a missão, para que possamos ser vistos como pessoas comuns. O voo estava agendado para o dia 1 de março tendo que fazer uma escala no Aeroporto Humberto Delgado para depois chegarmos em Brasília.
Chegando, ficaríamos hospedados na Casa do Estudante Universitário, situada no campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília. Um ambiente perfeito para nos envolvermos no mundo estudantil da universidade e assim não começarem a levantar suspeitas de quem realmente somos, somente estudantes de Arquivologia da Universidade de Brasília.
Foi dito que a missão era justamente o cenário em que o Ángel e a Raquel estavam simulando que é a disciplina de Diplomática e Tipologia Documental do curso de Arquivologia da UnB. Então quando começássemos a fazer parte essa disciplina, saberíamos exatamente como fazer, porque sabemos como funciona, fomos treinados para isso previamente.
Era como se sempre fossemos estudantes de Arquivologia na UnB desde o começo, passando no Programa de Avaliação Seriada promovida pelo Cebraspe e ingressando como universitários. Poderiam suspeitar por não conhecermos ninguém do curso porém poderíamos contar que fomos afastados por conta de uma brincadeira sem graça feita na universidade sendo descobertos por um dos professores e denunciados diretamente a Reitoria, não podendo falar a natureza dessa brincadeira de tão grave que foi no momento.
Para o registro e emissão de todos os documentos estudantis originais, autênticos e verídicos, haveria um agente do Serviço de Inteligência do Brasil infiltrado na Secretaria de Administração Acadêmica da universidade como técnico administrativo para implantar no sistema todos nossos dados e perfil para que possamos ser estudantes de Arquivologia em um contexto real.
Já para a carteira de identidade e demais documentos pessoais seriam providenciados em parceria também com o Serviço de Inteligência do Brasil para que não possam levantar suspeitas de que viajamos e moramos na Espanha por um longo período de tempo.
Planejado todos os aspectos da missão, Ángel e Rachel despediu de nós porque voltaríamos a ver eles somente após o término de tudo que deverá ser feito no Brasil ao longo de um semestre. Ansiosos mas ao mesmo preocupados, saímos do Banco Nacional da Espanha diretamente ao nosso apartamento para descansar e aproveitar a nossa última semana em Madri ao longo da semana até embarcarmos no voo.
Decorrida a semana, pegamos o voo. Chegando ao aeroporto, somente no dia seguinte, fomos comer algo na praça de alimentação e conversar a respeito de nossas vidas individuais e da missão que deveria ser cumprida. Na Espanha o ano é caracterizado por um clima seco e sem demasiadas precipitações, o verão e o inverno são secos, na primavera as temperaturas são amenas, a cidade fica bastante florida, principalmente os parques de Madri e no outono as paisagens ficam lindas sendo menos frias que outras cidades europeias em que já visitamos. De agora em diante teríamos que nos acostumar ao clima do Brasil, especificamente o de Brasília.
Ao longo do tempo nos ambientamos novamente ao Brasil, ao seu clima e cultura. Pegamos um Uber para a Casa do Estudante Universitário onde ficamos hospedados. Chegando lá, após desfazer as mochilas, resolvemos conhecer o campus. Não havíamos imaginado ser tão extenso as suas dimensões, ficamos surpresos e ao mesmo tempo empolgados.
Enquanto passeávamos no campus, eu recebi uma mensagem do Ángel avisando que deveríamos pegar nossas declarações de período e carteiras estudantis na secretaria da Faculdade de Ciência da Informação. Após pegarmos nossos documentos estudantis, fomos direto para nosso apartamento na Casa do Estudante Universitário, pois afinal estávamos cansados por causa da longa viagem que fizemos.
No dia 5 de março, começaram as aulas. Em algumas disciplinas ficamos na mesma sala mas em outras não porém todos estávamos na mesma sala de Diplomática e Tipologia Documental, ministrada pelo professor doutor André Porto Ancona Lopez, afinal somente ele ministra essa disciplina.
Na sexta feira, dia 9 de março foi a primeira aula de Diplomática e Tipologia Documental. A partir desse ponto iniciou-se nossa missão tão aguarda por nós desde a partida de Madri. As primeiras atividades já sabíamos como era porque fizemos no Banco Nacional da Espanha na presença do Ángel e da Rachel. Porém as próximas seriam um desafio para nós, porque grande parte do tempo estávamos fazendo planejamentos e efetuando roubos bancários. Agora somos estudantes de Arquivologia na Universidade de Brasília.
Até agora sabíamos que o foco da missão é a disciplina de Diplomática e Tipologia Documental, tendo que seguir o mesmo padrão de frequência nas aulas, a realização das atividades e avaliações descrito pelo Ángel e pela Rachel durante um semestre mas o grande objetivo por trás disso ainda é um mistério a todos nós.
Gran Vía, Madri (España)
Nosso apartamento
Fomos descobrir depois através de um informante nosso que há outros grupos de pessoas em momentos diferentes que procederam da mesma forma quanto as instruções do modelo de estrutura de formação e atuação dadas a nós mas formaram grupos com objetivos e áreas de atuação totalmente diferentes entre si, cada um em sua esfera de influência e de atuação ilegal.
Ao longo da semana recebemos tarefas via-mensagem a serem feitas como: postar o documento de criação do grupo (foto ou escaneado), com o nome do respectivo documento, refazer e postar o documento de criação do grupo incluindo os requisitos que comprovem sua autenticidade e dar nome ao documento audiovisual, produzido naquela noite, e postar fazendo indicação dos sinais necessárias para comprovarem sua autenticidade.
Pensamos de prontidão que seria uma isca para avisar a polícia e o serviço de inteligência de que fomos localizados, indicando nosso atual contexto de atuação e local de encontro porém não faria sentido, porque aliás se o El Águila fosse da polícia ou do serviço de inteligência e quisesse, poderia ter nos prendido no primeiro momento em que nos encontramos. Provavelmente ele teria uma ligação com o Serviço de Inteligência da Espanha. Mas só com o tempo iriamos descobrir mais sobre os objetivos do trabalho a ser exercido.
Estávamos todos cansados pela semana que havia passado pois ocultamos todas as nossas redes de contato no mundo dos assaltantes de bancos por motivos claros de que a partir de agora teríamos que nos desligar pelo menos temporariamente do nosso trabalho para participar de uma missão que a vista pensamos ser a pior ideia possível mas como havia garantias legais envolvidas, prosseguimos adiante.
Havia decorrido uma semana e retornamos ao Banco Nacional no dia 23 de fevereiro, no mesmo horário e na mesma sala da última "aula". O Ángel disse que havia visualizado as atividades que postamos em nosso blog e ficaram boas pois atendeu inicialmente as expectativas dele e da Raquel, sendo que só tivemos uma aula de Diplomática e Tipologia Documental até agora.
Logo após, Ángel começou a explicar a realidade que não era para sermos "estudantes" de D&Tdoc no Banco Nacional da Espanha pois era tudo fachada para os objetivos reais que em seguida foram esclarecidos. Confirmou-se que ele e a Raquel começaram a trabalhar para o Serviço de Inteligência da Espanha a poucos anos atrás e que receberam uma grande missão de uma pessoa hierarquicamente mais alto em nível de acesso a informações ulta secretas dentro do Serviço de Inteligência da Espanha.
Raquel disse que estavam acompanhando nossas atividades de assalto a banco há muito tempo mas decidiram não atuar em flagrante ou nos prender posteriormente. Nós seriamos participantes de uma missão que nasceu no mais alto nível do Serviço de Inteligência da Espanha sendo "estudantes" da Universidade de Brasília. Haveria nosso registro como estudante de Arquivologia e em disciplina nas Universidade de Brasília como se estudante fossemos há muito tempo e dentro dessa área do conhecimento sobre organização, guarda e acesso aos documentos de arquivo.
Pedimos um momento a ele e começamos a refletir a respeito. Era uma grande missão em que teríamos que realmente nos desligarmos temporariamente de nossas atividades por conta dos riscos que podemos correr ao misturar as atividades de roubo a bancos com as atividades do Serviço de Inteligência da Espanha. Não sabíamos se ganharíamos algo com isso como a diminuição de nossa pena que era muito alta no patamar que chegamos em nossas vidas.
Arriscar e participar da missão não era uma obrigação dada por Ángel e Raquel, era uma opção invés de nossa prisão imediata e isso não era algo que pudéssemos negociar. Então concordamos mutuamente da necessidade de nossa participação na missão e anunciamos nossa decisão a Ángel e a Raquel.
Feito isso, começaram a explicar sobre os aspectos da missão. Embarcaríamos em um avião da empresa aérea Iberia no Aeroporto Madrid-Barajas, garantindo nosso embarque no voo para o Aeroporto Internacional – Presidente Juscelino Kubitschek, através de uma relação de parceria desconhecida por nós entre a Iberia e o Serviço Secreto da Espanha, juntamente com outros passageiros que nada tinham a ver com a missão, para que possamos ser vistos como pessoas comuns. O voo estava agendado para o dia 1 de março tendo que fazer uma escala no Aeroporto Humberto Delgado para depois chegarmos em Brasília.
Chegando, ficaríamos hospedados na Casa do Estudante Universitário, situada no campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília. Um ambiente perfeito para nos envolvermos no mundo estudantil da universidade e assim não começarem a levantar suspeitas de quem realmente somos, somente estudantes de Arquivologia da Universidade de Brasília.
Foi dito que a missão era justamente o cenário em que o Ángel e a Raquel estavam simulando que é a disciplina de Diplomática e Tipologia Documental do curso de Arquivologia da UnB. Então quando começássemos a fazer parte essa disciplina, saberíamos exatamente como fazer, porque sabemos como funciona, fomos treinados para isso previamente.
Era como se sempre fossemos estudantes de Arquivologia na UnB desde o começo, passando no Programa de Avaliação Seriada promovida pelo Cebraspe e ingressando como universitários. Poderiam suspeitar por não conhecermos ninguém do curso porém poderíamos contar que fomos afastados por conta de uma brincadeira sem graça feita na universidade sendo descobertos por um dos professores e denunciados diretamente a Reitoria, não podendo falar a natureza dessa brincadeira de tão grave que foi no momento.
Para o registro e emissão de todos os documentos estudantis originais, autênticos e verídicos, haveria um agente do Serviço de Inteligência do Brasil infiltrado na Secretaria de Administração Acadêmica da universidade como técnico administrativo para implantar no sistema todos nossos dados e perfil para que possamos ser estudantes de Arquivologia em um contexto real.
Já para a carteira de identidade e demais documentos pessoais seriam providenciados em parceria também com o Serviço de Inteligência do Brasil para que não possam levantar suspeitas de que viajamos e moramos na Espanha por um longo período de tempo.
Planejado todos os aspectos da missão, Ángel e Rachel despediu de nós porque voltaríamos a ver eles somente após o término de tudo que deverá ser feito no Brasil ao longo de um semestre. Ansiosos mas ao mesmo preocupados, saímos do Banco Nacional da Espanha diretamente ao nosso apartamento para descansar e aproveitar a nossa última semana em Madri ao longo da semana até embarcarmos no voo.
Decorrida a semana, pegamos o voo. Chegando ao aeroporto, somente no dia seguinte, fomos comer algo na praça de alimentação e conversar a respeito de nossas vidas individuais e da missão que deveria ser cumprida. Na Espanha o ano é caracterizado por um clima seco e sem demasiadas precipitações, o verão e o inverno são secos, na primavera as temperaturas são amenas, a cidade fica bastante florida, principalmente os parques de Madri e no outono as paisagens ficam lindas sendo menos frias que outras cidades europeias em que já visitamos. De agora em diante teríamos que nos acostumar ao clima do Brasil, especificamente o de Brasília.
Pista de pouso - Aeroporto Internacional de Brasília
Terminal do Aeroporto Internacional de Brasília
Ao longo do tempo nos ambientamos novamente ao Brasil, ao seu clima e cultura. Pegamos um Uber para a Casa do Estudante Universitário onde ficamos hospedados. Chegando lá, após desfazer as mochilas, resolvemos conhecer o campus. Não havíamos imaginado ser tão extenso as suas dimensões, ficamos surpresos e ao mesmo tempo empolgados.
Casa do Estudante Universitário - Universidade de Brasília
Enquanto passeávamos no campus, eu recebi uma mensagem do Ángel avisando que deveríamos pegar nossas declarações de período e carteiras estudantis na secretaria da Faculdade de Ciência da Informação. Após pegarmos nossos documentos estudantis, fomos direto para nosso apartamento na Casa do Estudante Universitário, pois afinal estávamos cansados por causa da longa viagem que fizemos.
No dia 5 de março, começaram as aulas. Em algumas disciplinas ficamos na mesma sala mas em outras não porém todos estávamos na mesma sala de Diplomática e Tipologia Documental, ministrada pelo professor doutor André Porto Ancona Lopez, afinal somente ele ministra essa disciplina.
Na sexta feira, dia 9 de março foi a primeira aula de Diplomática e Tipologia Documental. A partir desse ponto iniciou-se nossa missão tão aguarda por nós desde a partida de Madri. As primeiras atividades já sabíamos como era porque fizemos no Banco Nacional da Espanha na presença do Ángel e da Rachel. Porém as próximas seriam um desafio para nós, porque grande parte do tempo estávamos fazendo planejamentos e efetuando roubos bancários. Agora somos estudantes de Arquivologia na Universidade de Brasília.
Até agora sabíamos que o foco da missão é a disciplina de Diplomática e Tipologia Documental, tendo que seguir o mesmo padrão de frequência nas aulas, a realização das atividades e avaliações descrito pelo Ángel e pela Rachel durante um semestre mas o grande objetivo por trás disso ainda é um mistério a todos nós.
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